sábado, 20 de maio de 2017

A DELAÇÃO DA CARNE

         ACABOU O PLANTÃO DO BOGA!

Estamos à disposição dos canalhas, desde que a gente possa descansar no final de semana. Escândalo só em dia útil, tá?

Goya Bada

Para ficar up-to-date na patifaria política, temos que gostar de passarinhos. A palavra da moda é alpiste. Sim, palavra bonita para designar propina.

Eduardo Cunha era um dos passarinhos mais famintos, tadinho! E o presidente sempre perguntava se tinham dado alpiste para os passarinhos, se eles estavam bem na gaiola.

Fiquei extremamente deprimida ao ver os vídeos das delações do Joesley Batista. Vi o quanto sou pobre, meu Deus! O homem fala de 5 milhão como se fosse o dinheiro de uma revista na banca.

Tem tanta intimidade com dinheiro muito, graúdo, que trata o danado no singular: milhão. Não é como eu, que trato qualquer nota de cem por "vossa excelência".

Vendo aquele sujeito vomitar uma enxurrada de lama com a naturalidade dos justos, confesso que pensei seriamente em atender aos apelos do meu paquerinha gajo e dar um tempo em Portugal.

Afinal, não sou Dilma Rousseff nem nada, mas fiquei estarrecida ouvindo aqueles relatos do homem do bifão e seu executivo executando o resto de esperança que nos resta.

Eles compravam tudo e todo mundo com aquele desprezo que qualquer achacado tem pelo achacador. Aécio Neves, sempre metido a esperto e descolado, caiu nessa e se estatelou.

Digo e repito: empresário achacado tem nojo de político achacador. Amigo é apenas codinome de planilha.

Fico pensando em quem está chegando à vida adulta, essas pessoinhas que chamamos de jovens. Que chance essas criaturas têm num sistema deste?


Tudo se trata com propina, esquemas e que tais. Os parlamentares agem com uma desenvoltura criminosa de causar espanto até à mais tarimbada dona de bordel.

Vendem tudo, qualquer voto custa milhão, vários. No singular, porque quem paga é gente como Joesley, que mal aprende a falar, se vale de uma mente criminosa e se embriaga com bilhão.

Dia destes, William Waack mediava um evento e levou alguns minutos explicando pacientemente para uma americana o ambiente de Guimarães Rosa, que havia sido citado por um dos integrantes do debate.

Imagino o que seria para qualquer gringo ser lançado nesse surrealismo completo da nossa realidade política. Não tem quem seja capaz de explicar.

O Brasil dá preguiça com essa insistência em manter tudo fora de esquadro. Essa enxurrada de delações da boiada de carne podre dominando a cena, e a tigrada ocupada uma carrada de teorias de conspiração. Meu Deus!


"Ah, é muito estranho... essas regalias dos irmãos Batista!". Será mesmo? Será que PGR, PF e Supremo são grêmios de inocentes? Por que ninguém ainda se perguntou se esses caras não entregaram informações exclusivas e nomes do topo da cadeia criminosa?

A verdade é que os irmãos Batista foram bem menos estúpidos do que Marcelo Odebrecht - que quis cantar de galo cego no início e se deu mal - e os primeiros que caíram na rede da Lava Jato. Tudo bem, naquele momento inicial ninguém acreditava que aqueles "meninos de Curitiba" fossem quem são.

Vendo o cinema catástrofe que está nas telas desde março/2014, os dois da carne não se deixaram apanhar, bateram antes na porta da PGR e abriram o bico como se não houvesse amanhã.

Alguém aí esqueceu que qualquer delação pode ser retomada se as autoridades perceberem inconsistências ou intenção de enganar (do delator), inclusive reduzindo benefícios? Ora, ora!
 
A questão é que nós, pobres mortais, temos muito menos informações do que gostaríamos. Agora mesmo, já se sabe que boa parte da delação da boiada segue em sigilo, para não atrapalhar as investigações.


O mais impressionante é que o país voltou à UTI e ninguém está se preocupando em chamar o médico. Como será o amanhã?


Goya Bada não é jornalista, é um doce.

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